Volto hoje ao assunto das substituições apenas para finalizar as ideias com
que avancei em posts anteriores. O tipo de actividades que avancei no último
post sobre o assunto – leitura e visionamento de peças de vídeo – podem ter dado
ideia de que afinal eu não estava a propor nada que já não tivesse sido tentado.
A isso respondo, não. É por verificar que muitas actividades de leitura e
visionamento de vídeos, que muitos professores preparam para as aulas de
substituição, não funcionam, que acho que o mais importante são os aspectos a
montante, isto é, os princípios que relembro:
– A escola define
claramente finalidades para as actividades de substituição
–
As aulas de substituição devem ter um carácter educativo transdisciplinar e não
recreativo
– As aulas de substituição não devem exigir uma
preparação prévia dos professores
Para implementar este sistema
seria necessário a escola criar um programa anual para ser “dado” nas aulas de
substituição. Mais concretamente deveriam ser criados 6 programas, um para cada
ano de escolaridade, sendo que poderiam existir muitas actividades comuns aos
diferentes anos.
Estes “currículos” para a “disciplina de Substituição” podem
ter como princípios orientadores alguns daqueles que já estão definidos pelas
leis e projecto educativo da escola. Poderiam, por exemplo, tratar problemáticas
relacionadas com: Direitos humanos; educação sexual; educação alimentar;
incentivo à leitura; multiculturalismo; toxicodependência e marginalidade;
direitos dos animais; educação ambiental; educação para os média; etc. Até aqui
não me parece difícil avançar porque estes princípios são razoavelmente
consensuais. As actividades a desenvolver devem ser o mais exóticas que for
possível para evitar reacções do tipo “já vi isso na televisão” ou “já conheço
esses livros”.
Pegando em dados do ano passado também seria fácil fazer uma
previsão do número de aulas que as turmas teriam “Substituição”. Vamos supor que
chegamos ao número 50 aulas (90m) para as turmas de um ano qualquer. Teríamos
então de preparar um programa com 50 actividades diferentes. Estas actividades
têm de ser bem independentes umas das outras não exigindo nenhuma
sequencialidade.
É difícil criar um programa com estas características? Eu
respondo não. Um programa para 50 aulas teria sensivelmente 25 actividades de
leitura e outras 25 de visionamento de vídeos.
Relativamente às actividades
de leitura proponho que seja feita uma selecção de obras que possam ser lidas
numa hora. Para suprir as necessidades da escola seriam necessárias 4
bibliotecas ambulantes cada uma equipada com os livros necessários para uma
turma. Pondo isto em números, teríamos uma biblioteca com 50 exemplares de
títulos distintos. Destes 50 livros, por exemplo, 30 poderiam ser destinados ao
8º ano e portanto no fim do ano lectivo cada aluno de uma turma onde teriam
havido as tais 50 substituições, teria lido 25 títulos dessa biblioteca.
Para
a implementação dos vídeos calculo que seria necessário criar uma base com
aproximadamente 50 títulos de modo a definir um conjunto de 25 a 30 para cada
ano. Neste caso o investimento da escola seria no sentido de garantir que em
cada bloco houvesse sempre disponíveis meios para a passagem dos vídeos. Face
aos números actuais bastaria garantir uma televisão e respectivo leitor de vídeo
por bloco de aula e por pavilhão.
Num próximo post avançarei com ideias para uma lista de vídeos e para como acho que isto pode ser integrado de modo a não ser apenas um conjuntos de actividades desgarradas.
Hoje faço greve. Este governo faz-me lembrar as comissões de finalistas que
como se sabe têm a finalidade de angariar fundos para a almejada viagem dos
finalistas.
Depois de uns bailes, uns bolinhos feitos por papás extremosos e
meia dúzia de rifas passadas, a comissão de finalistas reúne-se e chega à
conclusão que o dinheiro ainda é curto. Os membros finalistas esquecem-se de
algumas dívidas e olham-se desconfiados procurando sinais exteriores de uns
desviositos. Depois irmanam-se e num brainstorming tentam arranjar alguma ideia
para ensacar mais uns euros. O problema é que os finalistas militantes não têm
muita imaginação porque quando chegam a finalistas a escola já lhes tirou a
criatividade toda. Então saem mais rifas, bailes e bolinhos. Mas é preciso
mostrar o porquê de se ser finalista. É então as rifas passam a sorteios, os
bailes são agora festas e os bolinhos… bem os bolinhos são mesmo umas notitas
que a mamã vai dar só para não ter de ir para a cozinha.
Qual é a
tua ó minha?
Já dei para esse peditório!
Vejam esta aula. Talvez nos ajude a compreender o que acontece em algumas das nossas próprias aulas.
Vou deixar o assunto das substituições fluir na área dos comentários e na
próxima semana apresento as estratégias, tal como prometi.
And now
for something completely different... por aqui
Os comentários ao post anterior mostram como assunto tem um efeito chamariz
sobre os professores. Este efeito encantatório é muitas vezes usado pelos
profetas e outros como por exemplo os economistas de quem, como já devem ter
reparado, eu sou fã. Peço desde já desculpas por não trazer o prozac que todos
gostaríamos de tomar e, em vez disso, avançar com ideias que podem dar razão a
quem queremos que não a tenha.
O plano que quero apresentar assenta em alguns
princípios que explicito seguidamente:
– A escola define claramente finalidades para as actividades de
substituição
O trabalho nas aulas de substituição não deve ser
determinado pelo voluntarismo do professor. A escola deve enquadrar o trabalho
dos professores nas aulas de substituição sem pôr em causa a tradicional
liberdade de acção que estes têm dentro da sala de aula.
Suponho que é aqui
que as coisas mais falham. A escola não quer ficar com o odioso de ser acusada
de colaboracionismo e por isso apenas exige que os professores cumpram um
horário de modo a não poder ser acusada de desrespeito pelas ordens superiores.
– As aulas de substituição devem ter um carácter educativo
transdisciplinar e não recreativo
Os alunos devem sentir que estas
aulas fazem parte das suas obrigações escolares e que não são apenas actividades
inventadas para tapar buracos. Para os alunos, pior do que aulas, só mesmo aulas
com professor substituto que mostra claramente o seu desagrado por estar a fazer
esse trabalho.
– As aulas de substituição não devem exigir uma preparação prévia dos
professores
A relação do professor substituto com os alunos é uma
relação precária e por isso não é favorável ao desenvolvimento de um trabalho do
tipo que os professores fazem nas suas aulas.
Aquilo que pode ser pedido aos
professores é que apliquem um plano previamente definido, não superiormente, mas
pelas estruturas da escola onde todos podem participar.
Com base nestes princípios, identifico dois tipos de actividades fáceis de
implementar nas aulas de substituição:
–
Leitura
– Visionamento de peças vídeo
No próximo post apresento as estratégias para a concretização destas actividades.
Acho que as actividades de substituição só vão funcionar bem quando os
professores sentirem que ao dar essas aulas não estão a fazer mais do que a sua
obrigação, porque, por exemplo, faltaram e quando faltaram foram substituídos.
Neste momento muitos professores que vão dar aulas de substituição sentem-se
sobrecarregados porque para além das aulas que lhe cabem ainda têm de arcar com
aulas de colegas que faltam e não ficam com a obrigação de compensar essas
faltas. Feitas as contas ao fim de um ano lectivo verifica-se que há professores
que dão mais aulas do que aquelas que lhe foram atribuídas enquanto outros dão
muito menos do que o previsto. No novo ano lectivo põem-se os contadores
novamente a zero e por isso os mais faltosos são os que mais
beneficiam.
Nestas condições qualquer estratégia para o funcionamento das
aulas de substituição tem poucas possibilidades de dar certo mas ainda assim vou
avançar aqui com um plano que considero exequível.
Esperem os próximos
posts.
Proponho que vejas um documentário de apenas 13 minutos.
Isso não vai com
certeza mudar a tua vida mas dificilmente ficarás indiferente.
Clica aqui para
ver
Se pretenderes ver este documentário num ecrã maior, diz.
Os PCs da ESAS não reflectem uma imagem da nossa escola. Os portáteis que
vieram agora trazem um fundo piroso mas que não deixa dúvidas acerca de que
computadores se tratam.
Para quem quiser personalizar o ambiente de trabalho
de PCs cá da escola deixo aqui uma sugestão.
Para obter esta imagem com
qualidade 1024x768, faz o download aqui
Por cá não faltam mas é preciso que estejam nos sítios certos.
Sempre pensei que existiam leis que protegiam as escolas da sanha consumista,
particularmente na área da alimentação. Afinal estava enganado.
A propósito do momento sindical que vivemos lembrei-me de um velho texto do
José Mário Branco. Podem ouvir um bocadinho aqui.
Que
se lixem as alternativas, não é filho?
Como ser inanimado o cartão não pode ser acusado de ser temperamental mas
isto de ora funciona, ora não… Não dá jeito nenhum.
Hoje ao transpor o portão para o primeiro dia de aulas fiquei contente por
não ouvir o empertigado apito que assinala o pecado que cometemos ao entrar sem
esfregarmos (várias vezes) o cartão na fenda dos pilares. Infelizmente na
guarita está tudo como dantes.
Se a malta das ciências da educação anda sempre com o Vigotsky na boca por que é que eu não posso pegar num seu conterrâneo e contemporâneo? Sabem quem?
Uma hora pode não ter 60 minutos
Não, não se trata de um artigo
sobre relatividade. A hora do Ministério da Educação não é a unidade que os
relógios terrestres marcam. A hora do ME são 50 minutos ou, mais correctamente,
45 minutos lectivos mais 5 minutos supervenientes.
É o que dá quando se dá
corda a burocratas que constroem labirintos só para poderem manter a sua posição
de guias.
Não é que eu goste de me socorrer de uma regra tão querida
aos economistas, mas sempre prefiro esta àquela vigente na ESAS que é o
“You scratch my back and I’ll scratch
yours (but I don’t
know when)”.
Conseguem ler as letras
pequeninas?
Três dias a fazer ressuscitação de sucata. Pelos visto não estava no
plano.
Grande plano. Não, tic.
Não me submeto ao livro de ponto. De uma maneira ou de outra vou continuar a
perturbar as rotinas que me incomodam.